O dia mundial do livro

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Realejo

O dia mundial do livro

Ele existe. Existe um dia mundial do livro. Achei interessante refletir sobre este dia, por que, caro leitor e cara leitora, o livro tem um dia especial, ainda mais mundial para ele, o livro?

Quando essa data foi criada, em 1930, se destinava a celebrar a memória de alguns grandes autores universais, Shakespeare e Cervantes morreram ambos no dia 23 de abril, e de lá pra cá anualmente evocamos esses nomes quando da data, espera, espera, acho que poucas pessoas sabem dessa motivação original em torno do Catalão e do Inglês, a gente olha mais pro livro e tudo o que ele representa, os autores são lembrados por menos pessoas em relação à estrela dessa data, o livro.

Seguindo com as reflexões, repararam que nunca se criou o dia da fita VHS em homenagem à por exemplo o festival de Woodstock ou ao filme Psicose do Hitchcock ( desculpem a rima)? Ou o dia mundial do CD ou do Disco de Vinil em referência à Frank Sinatra ou Tom Jobim?

Nesses casos quem se sobressai são os cantores e compositores, não os suportes que vão exibir sua arte. No caso do livro é diferente, era nele que os leitores se debruçavam há séculos, à luz de lamparinas ou iluminados pela luz natural. Antes da imprensa os copistas se encarregavam de fazer cada novo exemplar de forma artesanal e antes ainda, os rolos de papiros recebiam os pensamentos impressos para a posteridade.

O livro desafia a modernidade, o tempo, a lógica do marketing futurista. Quero fazer uma sugestão para os mais curiosos sobre o assunto livro e leitura, gosto de citar o historiador cultural francês Roger Chartier, autor de alguns importantes ensaios exatamente sobre este objeto poderoso. Um em especial, “A Aventura do Livro – Do leitor ao navegador”, da editora Unesp é bem interessante, dica do livreiro e dublê de cronista, anotem na caderneta. Ah, aqui vai o serviço completo, o livro do Chartier está R$75,00 nas boas casas do ramo. 

Neste último dia do livro comecei falando sobre ele às sete da manhã num programa de rádio e ao longo do dia 23 de abril fui lembrado sobre a data em muitos lugares dentro e fora das redes sociais, não se pode duvidar mais do seu poder e permanência, da sua atemporalidade.

Vocês já perceberam que entre o livro e o e-reader fico com o livro, insubstituível para mim. Mas deixo aqui uma opinião favorável ao e-reader, que é um honesto e incrível complemento, mas que ainda não tem o seu dia mundial (será que um dia terá?) , portanto farei homenagens ao bom e velho livro impresso. 

Boa leitura, obrigado pela preferência e voltem sempre.