Realejo Livros https://oseulivreiro.com.br O seu livreiro Sun, 28 May 2023 22:25:36 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.4.3 https://oseulivreiro.com.br/wp-content/uploads/2022/06/icon_Logo_Realejo_livros.svg Realejo Livros https://oseulivreiro.com.br 32 32 Um intrépido livreiro nos trópicos https://oseulivreiro.com.br/um-intrepido-livreiro-nos-tropicos/?utm_source=rss&utm_medium=rss&utm_campaign=um-intrepido-livreiro-nos-tropicos Tue, 23 May 2023 22:15:46 +0000 https://oseulivreiro.com.br/?p=6864 Tem autor estreante na área!! Neste sábado chego em São Paulo com as histórias, causos e resmungos vividos em mais de trinta anos de carreira numa livraria de rua. Vou bater um papo com o Beto, livreiro da Livraria Simples e adoraria te encontrar por lá. Vamos nessa festa de lançamento de um Livreiro autor?

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Mais uma despedida, mais um amigo https://oseulivreiro.com.br/mais-uma-despedida-mais-um-amigo/?utm_source=rss&utm_medium=rss&utm_campaign=mais-uma-despedida-mais-um-amigo Tue, 20 Jul 2021 21:07:28 +0000 https://oseulivreiro.com.br/?p=5528 Dos textos que não escolhemos se vamos escrever porque eles se impõe sobre os outros assuntos, é dessa forma que vou dividir com vocês mais uma perda, desculpem o clima, mas não escolhi como expliquei há pouco.

O Marcus Vinicius Batista, o Marcão, jornalista, professor e recentemente psicólogo, partiu, faleceu repentinamente aos 46 anos na semana passada, vítima da combinação fatal da diabetes com o Covid e assim,virou estatística de mais um número dentro da tragédia dos mais de 540 mil mortos no país.

Eu preciso relembrar o início da nossa amizade, quando no canal 6, quase que diariamente, eu com uns 16 anos, ele com 13, fazíamos parte de uma molecada que jogava bola nos finais de tarde, ele vinha com uma turma de vizinhos da rua Roberto Sandall, eu já jogava e formava com quem chegasse, sem escolher, sem solenidades, era assim na praia no anos oitenta, fincávamos as havaianas na areia e jogávamos bola, ou fazíamos o gol caixote com canos de PVC ou, raramente e só anos depois tínhamos estrutura pra montar campo e gol grande com goleiro, o comum era o gol caixote.

O Marcão era goleiro das divisões de base da Portuguesa Santista e depois jogou no Santos, e na praia ele jogava à paisana na linha, todos éramos magrinhos à época.

Quando ele foi cursar jornalismo e optou por se afastar da profissão de goleiro torci por ele, e ele foi com garra buscar espaço nesse mercado de trabalho, e com garra ele foi se adaptando, migrando do jornalismo televisivo pro impresso, com garra foi ser professor em Universidades, depois um cronista dos mil assuntos do cotidiano, do futebol e das relações humanas.

Adorava jogar com ele, nesses trinta e poucos anos de convívio fomos mudando o piso dos campos,começamos na areia, jogamos algumas vezes na grama em edições da Tarrafa Literária quando reunia amigos e escritores pra uma pelada e mais tarde acabamos no mundo gourmetizado dos grêmios em grama sintética, adorava jogar com ele, mas eu gostava ainda mais de jogar contra ele. Nos provocávamos, sempre. E sempre aparecia um pênalti no jogo, e sempre eu escolhia bater e sempre o Marcão gritava, Zeca (só ele me chamava de Zeca), vem bater, ele batendo as luvas e me desafiando, fazendo catimba.

Fomos parceiros nos eventos, o Marcão mediou os primeiros encontros que organizei ainda quando estava debaixo dos cinemas, ficávamos eu, ele e o convidado proseando, seu preparo acadêmico me dava confiança e fizemos algumas vezes a tabelinha. Mais adiante fui seu editor e sinto que motivei o Marcão a seguir também nesse caminho, mais adiante ele juntamente com a sua companheira criaram uma editora, o Ateliê de Palavras.

Nos últimos anos nos afastamos, não sei ao certo o motivo, também nunca saberei e não pretendo buscar por respostas, lamento não ter podido conversar mais com ele, lamento não ter tomado iniciativa em buscar uma reaproximação, lamento.

Nos pênaltis cobrados tive mais sucesso do que fracasso, sabia que fazer um gol no Marcão não era fácil, ele era craque, vendia caro sempre.

Lamento muito, Marcão, não quero mais bater pênaltis, nunca mais.

Obrigado pela preferência, voltem sempre.

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Ler é um remédio https://oseulivreiro.com.br/ler-e-um-remedio/?utm_source=rss&utm_medium=rss&utm_campaign=ler-e-um-remedio Thu, 24 Jun 2021 19:00:20 +0000 https://oseulivreiro.com.br/?p=5512 Vocês, caros leitores de jornal impresso, acredito que tenham percebido sobre o tema dessas mal traçadas linhas, exatamente pelo fato de gostarem de ler no papel. Assim como digo no título da crônica, sim, eu acredito que ler é um remédio, ou melhor, se tornou um remédio nesses tempos alucinadamente acelerados. 


Repararam na aceleração proposta pelo seu celular? Reparem, nesse meio tempo já devem ter te chamado via whatsapp, ou chegou um e-mail que não é o esperado – nunca é o e-mail esperado – ou alguém te marcou naquela feijoada beneficente do domingo no Facebook, ou ainda pior, pra quem tem o famigerado Tik tok, a rede de vídeos sem fim, quem tem esse app instalado recebe avisos do próprio aplicativo, ou seja, ele é o mais invasivo de todos, e a tendência é de que ficará cada vez mais intensa essa invasão, a cada minuto.


Há também no whatsapp aquele amigo que compartilha notícias fake, as famosas fakenews, que dão trabalho pra entender que são fakenews, quando se tem paciência pra analisar a abobrinha montada e editada que te afasta do noticiário e te atira naquela bolha de informações viciadas, sem ética jornalística.


Mas você, leitora e leitor, você que suja as mãos de tinta com o jornal impresso, que delicadamente limpa as migalhas de pão e que cuida pra não derrubar café na mesa da cozinha, você está se defendendo dessa aceleração, controlando e tendo autonomia sobre o que vai ler, quando vai ler e quando vai refletir sobre o que leu. Essas observações são válidas se você lê no periódico online desse jornal, tá?

Farei aqui uma sugestão do método pra leitura nesses tempos de aceleração e invasão máxima. Primeiro coloque o celular longe, carregando a bateria. Fez isso? Ótimo, agora pegue um livro impresso – tá bom, vale e-book, vai – que se passe num período pré tecnologia, que tal o clássico do Hemingway “O velho e o mar”? Adoro sugerir esse livro. Pegou, maravilha, agora é abrir e começar a mergulhar na história.


Ler se tornou um remédio, um descanso, um refúgio nesses tempos duros que vivemos.
Proponho esse ritual diariamente, no seu momento de preferência do seu dia, pode ser breve entre trinta minutos e uma hora, sem neuras nem problemas, só você e o livro em suas mãos.


Depois desse período de leitura você checa todas as suas mensagens, combinado?
Obrigado pela preferência, voltem sempre!    

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Polarização e futebol https://oseulivreiro.com.br/polarizacao-e-futebol/?utm_source=rss&utm_medium=rss&utm_campaign=polarizacao-e-futebol Wed, 09 Jun 2021 02:36:24 +0000 https://oseulivreiro.com.br/?p=5497 Eu sei que esta coluna é dedicada aos assuntos ligados a obras literárias, mas é irresistível dar um pitaco um assunto que me é caro, o tema futebol. Antes de mais nada, darei um pontapé inicial sugerindo uma obra que é um respiro dentro do tema, as crônicas de futebol do jornalista Xico Sá, “A pátria em sandálias da humildade” Ed. Realejo é um passeio por jogadores, torcedores e filosofia de botequim ligada ao esporte bretão, sem muita estatísticas nem abordagens táticas, e, vejam vocês, o livro é uma homenagem de um autor de esquerda a um gênio sabidamente por todos, de direita, o grande Nelson Rodrigues.

Esta coluna sairá do forno ou das rotativas na terça, ou seja, a data em que saberemos a postura da seleção brasileira em relação à Copa América. Nesses dias entre jogos e espera foram revelados escândalos praticados pelo presidente da CBF, o Caboclo, o homem assediou a secretária e também está assediando a seleção, fazendo pressão pra que o time, seu técnico e jogadores joguem uma copa América em meio à pandemia sabendo que outros países desistiram de sediar a competição.

Me parece que existe bastante ruído nessa história, estou curioso sobre os motivos que serão divulgados pelo elenco da seleção, que até o presente momento nunca tiveram uma clareza ou postura politizada, será que os jogadores que vivem na Europa estariam mais conscientes do que antes? Quais serão os motivos divulgados? Apesar do burocrático Tite ter um discurso de coach com modulação religiosa seu histórico nas eliminatórias da Copa do mundo é bem positivo, e no futebol isso vale.

O Caboclo está afastado por trinta dias da CBF, o que será que isso trará de prático ao embrolho em que nos metemos?

Claramente não é uma época favorável para se jogar futebol, isso vale para todos os campeonatos, não devemos normatizar as mortes, perdemos a sensibilidade sobre o tema. Aí o amigo leitor ou amiga leitora vai falar, mas todos foram testados e não estão contaminados, certo, mas e as viagens, deslocamentos e tudo o que envolve o circo dos eventos, a coisa está séria, penso que a reflexão vale.

Na Copa de 70 João Saldanha foi sacado por razões políticas, vamos acompanhar os próximos capítulos sobe esse dejavú em que o Renato Gaúcho começa a rondar a concentração da seleção motivado por toda essa turbulência. Será que ele será o novo Zagalo?

Quero manter o prazer em ver futebol e apenas polarizar nos debates com amigos que torcem para outros times, vamos ler o Xico Sá e o Nelson Rodrigues e fechar os olhos pra essa fase esquisita pela qual passamos.

Obrigado pela preferência, voltem sempre!

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Antes que o mundo acabe https://oseulivreiro.com.br/antes-que-o-mundo-acabe/?utm_source=rss&utm_medium=rss&utm_campaign=antes-que-o-mundo-acabe Wed, 26 May 2021 00:37:35 +0000 https://oseulivreiro.com.br/?p=5491 Não, não sou esse tipo de fatalista, apesar de estarmos vivendo uma época bem dura. Antes que o mundo acabe é o subtítulo do livro que inspirou essa crônica. O título completo é “O que você precisa saber sobre Shakespeare antes que o mundo acabe”, da Ed. Nova Fronteira e muitos autores, uma das saborosas apresentações é do Antonio Fagundes, que é um dos muitos atores a encenar peças do Bardo. Essa crônica carrega dentro dela ambição e humildade, a ambição de ler Shakespeare e a humildade em revelar que ainda não o li.

Vi adaptações de suas peças para o cinema, em especial Henrique V e Muito barulho por nada, estes me vieram rápido à memória enquanto batuco as teclas aqui com você, leitor, leitora. A humildade é uma revelação e uma necessidade ao se saber a vastidão de temas, autores e suas obras a serem descobertas, um livreiro deve perceber isso rapidamente, espero. Quando li resenhas simpáticas sobre esse livro que é um convite a se mergulhar no universo de Shakespeare me deu uma ambição de ler a sua obra a partir desta.

Na minha memória busco mais referências e logo me veio a maior especialista em Shakespeare da nossa história, a Bárbara Heliodora, acho que foi num Roda-Viva da TV Cultura, ela o centro, no centro, sendo a entrevistada do programa e dentre várias revelações sobre o Bardo a que mais me impactou, a de que mesmo depois de mais de 400 anos da sua morte continuam até hoje saindo mais de 500 novas publicações sobre a sua vida e obra, vocês também ficaram impressionados? Bom, eu, como viram não esqueço dessa informação, outro grande teórico da literatura, o ensaísta Harold Bloom escreveu, Shakespeare- a invenção do humano, uma obra com mais de 1000 páginas que pretende colocar a obra do Bardo na prateleira mais nobre a que se pode almejar.

Termino esta crônica sobre a humildade prometendo a mim mesmo que vou descobrir o Brado como se deve, há um mundo ali dentro, vamos juntos?

Ah, e voltando ao título, apenas fechando o raciocínio, os organizadores explicam que a ideia é de que os mundos vão acabando mesmo, que cada geração vai renovando a outra, eles também não são fatalistas, apesar de…

Obrigado pela preferência, voltem sempre.

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Ler e escrever na pandemia https://oseulivreiro.com.br/ler-e-escrever-na-pandemia/?utm_source=rss&utm_medium=rss&utm_campaign=ler-e-escrever-na-pandemia Wed, 12 May 2021 02:31:58 +0000 https://oseulivreiro.com.br/?p=5475 Nesses últimos dias estou mergulhado num trabalho de campo, estou juntamente com amigos e parceiros de trabalho juntando hábitos dos leitores, fazendo entrevistas com leitores que conhecemos e com leitores que desconhecemos. A nossa missão é de aprender com o leitor, perceber seus hábitos e a partir dessas experiências, desses olhares, entendermos um pouco mais do nosso meio, nosso mercado editorial.

Uma das revelações dentre tantas é a de que com a pandemia e a necessidade de se ficar mais tempo em casa a vontade de se tornar leitor aumentou, simplesmente por conta do tempo em casa, sabemos que o consumo de streaming também cresceu, mas é notável o livro ser lembrado em meio a outras modalidades de lazer mais digitais.

E se aparecem novos leitores, ou leitores retomando o hábito, aparecem novos autores, escritores que se alimentam do tempo e do difícil tema do isolamento para a partir do uso dele, tempo, fazer nascer uma obra que pretenderá ser um livro.

Em outros tempos o cárcere gerou muitas obras, Gramsci com seus Cadernos do Cárcere, Napoleão com o Memorial de Santa Helena e Graciliano Ramos com Diários do Cárcere são alguns que me ocorrem assim, de bate pronto.

Neste último ano nasceram muitas obras, tantas foram as obras que a editora Todavia, nova editora muito boa no que faz, criou uma coleção dentro dessa ótica comum, livros que nascem da experiência angustiante do isolamento.

Autores de áreas diferentes como Guga Chacra, Zeca Camargo e Maria Homem se dedicaram a produzir obras breves e datadas, daí a relevância, são extratos das nossas vidas, experiências e duro aprendizado nesta etapa da nossa existência.

Uma das diferenças das obras temporalmente anteriores a estas novas que nasceram no último ano é a natureza do isolamento, nas obras de outros tempos os autores estavam encarcerados pela lei dos homens, cumprindo penalidades, neste último ano fomos levados ao isolamento por uma crise sanitária mundial, e devo mencionar que ficar em isolamento mesmo sendo difícil por termos de natureza econômica é vital para proteção, pro vírus não circular tão fortemente.

Espero que consigamos superar esse período de dor e perda, e espero que se leia cada vez mais, independente de estarmos encarcerados, espero que leiamos por prazer, por vontade de adquirir conhecimento, vontade de evoluirmos.

Tenho fé que iremos nesse caminho.

Obrigado pela preferência, voltem sempre.

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O dia mundial do livro https://oseulivreiro.com.br/o-dia-mundial-do-livro/?utm_source=rss&utm_medium=rss&utm_campaign=o-dia-mundial-do-livro Fri, 30 Apr 2021 01:40:51 +0000 https://oseulivreiro.com.br/?p=5439 Ele existe. Existe um dia mundial do livro. Achei interessante refletir sobre este dia, por que, caro leitor e cara leitora, o livro tem um dia especial, ainda mais mundial para ele, o livro?

Quando essa data foi criada, em 1930, se destinava a celebrar a memória de alguns grandes autores universais, Shakespeare e Cervantes morreram ambos no dia 23 de abril, e de lá pra cá anualmente evocamos esses nomes quando da data, espera, espera, acho que poucas pessoas sabem dessa motivação original em torno do Catalão e do Inglês, a gente olha mais pro livro e tudo o que ele representa, os autores são lembrados por menos pessoas em relação à estrela dessa data, o livro.

Seguindo com as reflexões, repararam que nunca se criou o dia da fita VHS em homenagem à por exemplo o festival de Woodstock ou ao filme Psicose do Hitchcock ( desculpem a rima)? Ou o dia mundial do CD ou do Disco de Vinil em referência à Frank Sinatra ou Tom Jobim?

Nesses casos quem se sobressai são os cantores e compositores, não os suportes que vão exibir sua arte. No caso do livro é diferente, era nele que os leitores se debruçavam há séculos, à luz de lamparinas ou iluminados pela luz natural. Antes da imprensa os copistas se encarregavam de fazer cada novo exemplar de forma artesanal e antes ainda, os rolos de papiros recebiam os pensamentos impressos para a posteridade.

O livro desafia a modernidade, o tempo, a lógica do marketing futurista. Quero fazer uma sugestão para os mais curiosos sobre o assunto livro e leitura, gosto de citar o historiador cultural francês Roger Chartier, autor de alguns importantes ensaios exatamente sobre este objeto poderoso. Um em especial, “A Aventura do Livro – Do leitor ao navegador”, da editora Unesp é bem interessante, dica do livreiro e dublê de cronista, anotem na caderneta. Ah, aqui vai o serviço completo, o livro do Chartier está R$75,00 nas boas casas do ramo. 

Neste último dia do livro comecei falando sobre ele às sete da manhã num programa de rádio e ao longo do dia 23 de abril fui lembrado sobre a data em muitos lugares dentro e fora das redes sociais, não se pode duvidar mais do seu poder e permanência, da sua atemporalidade.

Vocês já perceberam que entre o livro e o e-reader fico com o livro, insubstituível para mim. Mas deixo aqui uma opinião favorável ao e-reader, que é um honesto e incrível complemento, mas que ainda não tem o seu dia mundial (será que um dia terá?) , portanto farei homenagens ao bom e velho livro impresso. 

Boa leitura, obrigado pela preferência e voltem sempre.

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Or ricos e os livros https://oseulivreiro.com.br/os-ricos-e-os-livros/?utm_source=rss&utm_medium=rss&utm_campaign=os-ricos-e-os-livros Tue, 20 Apr 2021 18:18:07 +0000 https://oseulivreiro.com.br/?p=5412 O irlandês Jonathan Swift é mais lembrado pelo universal “Viagens de Gulliver” um clássico com muitas possibilidades de leitura, o leitor adolescente se diverte com as cenas do gigante, das viagens do personagem e suas desventuras. O leitor adulto percebe a crítica social, o amargo das entrelinhas. Mas quero provocar com outro texto menos conhecido do próprio autor, no século XVIII Swift produziu uma série de textos intitulados “Panfletos Satíricos” e dentro deles um chamado “Uma Modesta proposta”, neste breve livro a modesta do título sacode com os leitores, Swift sugere resolver o problema da fome na Irlanda da seguinte maneira: os pais comem a sua prole, melhor ainda se forem bebês de até um ano, quando a carne é tenra, macia. O problema da fome está resolvido.

O texto chocou o país, o autor, claro, propõe uma leitura da realidade pelo avesso, pela sátira feroz.

Faço uma conexão desta leitura pelo avesso, essa leitura do mundo pensando nas mentes iluminadas do pessoal da Receita Federal que pretende taxar os livros com o argumento de que quem compra livros são os ricos,ora ora, leitores, isso é ler o mundo pelo avesso.

Na cadeia de consumo claro que os mais privilegiados podem ser os que mais consomem em todos os segmentos de produtos, e quanto mais caro e visual o produto melhor, menos crise, menos diminuição de vendas.

O livro é consumido por todos, claro que  numa crise sem precedentes se você precisar optar entre comer e ler não há o que se pensar, mas o livro não é um produto de ricos. Os meus principais clientes, digo em quantidade, em proximidade estão em duas categorias ou segmentos principais, são os alunos e os professores e não, não vendo livros didáticos essencialmente, vendo para eles livros não obrigatórios, vendo literatura, história, filosofia, HQs e o que mais der na veneta. Lembro de um cliente muito rico que atendia na antiga Livraria Iporanga, ele era um (ainda é!) advogado, quando me visitava simplesmente dizia para que eu selecionasse livros do seu gosto, e eu fazia isso com rapidez, em uma das vezes ele se despediu com suas sacolas contendo uns 10 livros e entrou no cinema Iporanga, quando acabou o filme ele saiu da sala e se deu conta que havia esquecido as sacolas lá dentro, não teve dúvida, voltou à livraria com cara de cansado e pediu para que eu pegasse os mesmos livros que ele iria comprar novamente ali na hora.  

Quando um Governo pensa do avesso e quer criar uma taxação sobre o livro e ao mesmo tempo diminui a taxação sobre armas o que nos veem à cabeça? O conhecimento e a cultura ficam mais inacessíveis e as armas mais acessíveis, livros longe, armas perto.

Quero como livreiro a proximidade do leitor e distância do atirador.

No meu mundo ideal os Professores seriam os Ricos, imaginem viver nesse mundo? Uma proposta nada modesta.

Obrigado pela preferência, voltem sempre! 

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Música Caipira numa casa de praia. https://oseulivreiro.com.br/musica-caipira-numa-casa-de-praia/?utm_source=rss&utm_medium=rss&utm_campaign=musica-caipira-numa-casa-de-praia Fri, 29 Jan 2016 21:00:37 +0000 http://oseulivreiro.com.br/?p=3679 Um dos títulos de grande repercussão da praiana Realejo é sobre o mundo do homem do campo. O elo que faz com que tenhamos estas oportunidades na editora é a amizade e o trabalho. Vários dos nossos livros foram conquistados assim, em meio aos eventos que produzimos e da empatia natural que temos com alguns dos autores convidados. Com o jornalista José Hamilton Ribeiro não foi diferente, desde o primeiro evento que produzimos em Santos ficou a boa vontade mútua e os desafios foram se apresentando. Publicar o livro em nova edição, novos textos e ainda com um DVD duplo dirigido pelo José Hamilton foi uma bela experiência, um aprendizado rico vivido em companhia do autor e das duplas caipiras que realmente devem fazer parte da seleção brasileira do gênero. Está aí um dos pontos altos do livro, o de se chegar ao leitor um material precioso, um cânone do gênero musical que é genuíno para o apreciador brazuca. Para quem não sabe, a Realejo é originalmente uma livraria de rua na cidade de Santos, que sempre reuniu a classe dos escritores, tanto locais como de vários lugares do país aqui em Santos, seja em suas dependências, seja em lugares parceiros, como o Sesc Santos ou Universidades locais. Num certo momento vender livros já não bastava ao livreiro e depois editor José  Luiz Tahan, que queria viver as experiências de construir as publicações. O Música Caipira já é a publicação  de número setenta e muitos da editora, mas o Zé Hamilton Ribeiro é único, e tê-lo neste catálogo da praiana Realejo é uma honra. Conheçam a obra, busquem ouvir as músicas do homem simples através dos ouvidos e texto do jornalista. E para fechar uma pequena passagem contada pelo autor, uma anedota do gênero musical: ” – Dizem que existe espingarda de dois canos para matar de uma só vez dupla de música caipira! – Porque quando a dupla caipira é ruim, é ruim mesmo, é de matar!”

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Como foi o início da Realejo Livros https://oseulivreiro.com.br/como-foi-o-inicio-da-realejo-livros/?utm_source=rss&utm_medium=rss&utm_campaign=como-foi-o-inicio-da-realejo-livros Tue, 24 Nov 2015 18:06:47 +0000 http://oseulivreiro.com.br/?p=3525 A Realejo Livros nasceu como livraria em 2001, dentro da Universidade Católica de Santos. Em 2003 mudou-se para o espaço que hoje os clientes estão acostumados a freqüentar, no coração do Gonzaga. Foi nesta época que o proprietário, o livreiroJosé Luiz Tahan, convidou o escritor José Roberto Torero para tornar-se sócio da Realejo, parceria que encerrou-se em 2005.

O segundo capítulo dessa história teve início em 2006, quando José Luiz decidiu expandir seu trabalho, criando a Realejo Edições.

No final de 2007 foi inaugurada a segunda loja, no Shopping Miramar. Mais tarde, em 2009, inicia-se um novo capítulo na empresa com a estréia do festival internacional de literatura, a Tarrafa Literária. Com inspiração em Paraty e Passo Fundo, cidades que sediam outros grandes eventos literários, a Realejo criou um importante festival que já faz parte do circuito internacional das letras. Prosseguindo na nossa história, achamos mais conveniente redesenharmos as frentes de trabalho da marca Realejo. Encerramos a unidade do Miramar e intensificamos o projeto “Tarrafa” e a editora, que já conta com quase 30 títulos.

Hoje a Realejo traz ao público diversas opções de eventos. Desde o chorinho todas às sextas e também o Realejinho, projeto especialmente voltado para a criançada nas tardes de sábado. Há também diversos cursos promovidos pela livraria, além de dezenas de autores que todos os meses comparecem à loja para sessões de autógrafos e bate-papos com os clientes.

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